Verdadeiramente único é este prato que apenas se conhece no
concelho da Figueira da Foz. As Papas de moado, confecciona-
das com ligeiras variações nas diferentes freguesias, são o que
de mais emblemático e genuíno se pode encontrar na gastrono-
mia tradicional figueirense. Uma sobremesa, um verdadeiro
manjar para os seus apreciadores que, antigamente, as comiam
com as mãos e afiançam, não deixavam vestígios de sujidade.
Como terá surgido esta ideia de acrescentar a umas vulgares
papas de farinha e sangue, o açúcar? A pergunta não encontrou
resposta. Certo é que em cada uma das povoações, a sua
defesa é inegável e todos consideram ter a melhor versão e a
mais fidedigna.
Particularidade: são as coletividades que fazem as papas para
comercializar. Por norma não está disponível. Algumas têm
frutos secos. E o sabor de cominhos que é muito intenso.
Saber fazer: os ingredientes utilizados são a água; farinha;
açúcar; sangue; cravinho; cominhos; sal; limões. Para cada quilo
de farinha, utiliza-se seis litros de água. Nesta receita, as
medidas são para três quilos de farinha. Entra esta no tacho,
peneirada, juntamente com o sal e com os dezoito litros de
água. Envolve-se bem com as mãos e acrescenta-se quatro
quilos de açúcar, as especiarias em pó, a gosto, e dois litros de
sangue. Depois de bem envolvido, leva-se ao lume. Para a
fogueira, a lenha ideal é a da acácia, pois não deita muito fumo.
Mas também se pode utilizar eucalipto e pinho. Deve ser partida
em pedaços pequenos, para o lume ser brando. Continua a
mexer-se com a mão até levantar fervura. Nessa altura,
utiliza-se a colher de pau e deixa-se cozer, mexendo regularmente,
cerca de três horas e meia, com dois limões inteiros no
preparado. Para verificar de se estão cozidas, coloca-se um
pouco no prato. Leva-se à rua, passa-se um dedo e se levantarem,
se descolarem, estão prontas. São colocadas em pratos
não demasiado fundos.
Geografia: Vila Verde – Figueira da Foz.
Mais informação: Federação Portuguesa das Confrarias
Gastronómicas