CERÂMICA E OLARIA

CERÂMICA E OLARIA

Os alguidares, os cântaros, as bilhas, os vasos, os pratos e outras peças da mesa, as figuras tradicionais em barro, ou o valor artístico das cerâmicas pintadas à mão são exemplares em Portugal.

Bordallo Pinheiro

Na fábrica de Raphael Bordallo Pinheiro foram criados centenas
de modelos cerâmicos de criatividade ímpar, baseando-se nas
tradições locais, nomeadamente na olaria caldense, adotando a
fauna e a flora como inspiração decorativa. A sua produção
cerâmica, especialmente pela sua qualidade artística, ganhou
grande projeção e transformou-se num pólo de atração nacional
e internacional. Bordallo modela também as personagens do
quotidiano português com audácia e um notável sentido crítico e,
nos seus azulejos, cria padrões com influências tão vastas
quanto diversas: do Naturalismo ao Renascimento, passando
pela Art Nouveau e pelo legado hispano-árabe. Raphael Bordallo
Pinheiro com ajuda da sua equipa de operários produziu obras
arrojadas, quer pelas dimensões, quer pela delicadeza dos
pormenores. A “Jarra Bethoven”, que ultrapassa os 2,60m de
altura, é um símbolo da exuberância e do talento do artista e
encontra-se no Museu das Belas Artes, no Rio de Janeiro. Os
vinte e um anos de produção de Raphael Bordallo Pinheiro
(1884-1905) ficaram imortalizados na história da cerâmica
caldense. Para tal, contribuiu não só a exuberância e criatividade
das suas faianças, mas também o alto nível técnico atingido,
principalmente ao nível da modelação e dos vidrados.
Na faiança artística Bordallo Pinheiro, existem muitas técnicas e
procedimentos, alguns centenários, responsáveis pela qualidade
final. O património imaterial da Bordallo Pinheiro atravessou
gerações de ceramistas pelo ensino das técnicas cerâmicas
salvaguardando saberes centenários que são autênticos
tesouros da nossa história e cultura.
As peças Arte Bordallo são réplicas do vastíssimo legado
deixado por Raphael Bordallo Pinheiro e seu filho Manuel
Gustavo Bordallo Pinheiro. Reveladoras de exuberante criativida-
de e delicadeza de pormenores, são hoje produzidas pelas mãos
dos artesãos da Fábrica Bordallo Pinheiro. Na produção Bordallo
Pinheiro também se podem encontrar as linhas mais quotidia-
nas, procurando responder a um mercado em constante
evolução. Esta produção, revela uma orientação essencialmente
utilitária num contexto de identidade própria da Bordallo Pinheiro.
O legado de Raphael Bordallo Pinheiro é inspirador e apresenta-
-se também como um desafio a muitos artistas plásticos
contemporâneos. Na grandeza da obra de Raphael Bordallo
Pinheiro, muitos encontram um ponto de partida para um trajeto
plástico com linguagem de modernidade. A obra de Raphael
Bordallo Pinheiro surpreende com a atualidade dos seus
conteúdos poéticos de origem ecológica, política e social.
Mais informação: Bordallo Pinheiro


O Barro Preto de Molelos

Junto à cidade de Tondela, na freguesia de Molelos são
produzidas loiças de barro negro desde tempos pré-históricos.
Loiças estas que têm sido usadas pelas populações locais para
cozinhar, conservar ou armazenar bebidas ou outros alimentos, e
ainda como loiça de mesa ou decorativa. Esta atividade
artesanal e prática ancestral sobressai, pelo seu método arcaico,
o processo tradicional de cozedura em soenga e a colocação da
loiça numa cova pouco funda cavada no solo. Após ser coberta
parcialmente com lenha de pinheiro e tapada com torrões de
terra, era ateado o fogo, deixando-se cozer sob o olhar atento do
artesão. A característica da cor negra do barro explica-se pela
cozedura de tipo redutor, que consiste em abafar com terra a
louça na fase final da cozedura, impedindo a entrada de oxigénio.
Atualmente, nas olarias de Molelos, são utilizados fornos a lenha,
por serem mais práticos e funcionais. A qualidade e plasticidade
do barro usado estimularam presentemente a criatividade dos
oleiros da freguesia, dando origem a peças decorativas muito
originais, presentes nos lares de muitas famílias portuguesas e
também no estrangeiro.
Mais informação: Olaria Moderna, Artantiga e Barraca dos Oleiros