DOCES E BISCOITOS

DOCES E BISCOITOS

Doces e biscoitos são parte de um vasto receituário tradicional que permite descobrir aldeias, vilas e cidades do Centro de Portugal, como algo mais do que pontos no mapa. São os pontos doces de uma viagem pela história dos lugares, homenageados de forma genial, autêntica e criativa, com alma e
pelas mãos sábias de grandes doceiras.

Arrufadas de Coimbra

Bolo lêvedo, redondo, preparado com farinha, ovos, açúcar,
manteiga, leite suficiente para amassar e uma colher de chá de
canela. Leva sobre a superfície uma argola feita com um rolinho
de massa em jeito de coroa, por vezes com o centro polvilhado
com açúcar granulado. O peso varia consoante o tamanho.
Particularidade: Pão doce e fofo, de sabor a canela e polvilhado
com açúcar.
Saber fazer: Peneira-se a farinha para um alguidar e junta-se
uma colher de chá de fermento de padeiro desfeito no leite
tépido, acrescentam-se os ovos e o açúcar e amassa-se muito
bem. Adiciona-se a canela e a manteiga derretida, continuando a
amassar. Seguidamente cobre-se o alguidar com um cobertor e
coloca-se o conjunto num local com temperatura amena e
deixa-se levedar durante 24 h. Vai ao forno sobre papel vegetal
untado e sob a forma de bolas cuja superfície é pintada com ovo
e decorada com uma pequena argola de massa. Ao enfornar, a
superfície é polvilhada com açúcar granulado.
Geografia: Concelho de Coimbra


Barrigas de Freira

A Barriga de Freira foi um doce originário do convento de
Tentúgal, e que era colocado na mesa quando os reis visitavam a
Vila. Os ingredientes utilizados são a farinha de trigo; ovo; leite;
açúcar; amêndoa; canela.
Particularidade: tradicionalmente, encontram-se em comerciali-
zação nas pastelarias da Vila de Tentúgal e estão disponíveis
durante todo o ano.
Saber fazer: Massa: Junta-se a farinha de trigo, o limão, a
manteiga; canela. Amassa-se tudo muito bem até ficar uma
massa consistente. Recheio: Levam-se os ovos e o açúcar ao
lume a meio da cozedura junta-se a amêndoa. Deixam-se cozer
os ovos até ficar cremoso.
Geografia: Tentúgal
Mais informação: Federação Portuguesa das Confrarias
Gastronómicas


Biscoitos da Guarda

Bolos feitos à base de farinha de trigo, ovos, açúcar, azeite,
fermento de padeiro e sal. Têm cerca de 6 a 8 cm de diâmetro e
pesam entre 70 a 80 g.
Particularidade: Produto rústico de pastelaria tradicional. Tem
forma cónica, de cor amarelo-torrada exteriormente e cor
amarelo-esbatida interiormente, com uma crosta relativamente
estaladiça e fissurada no vértice do cone, de fácil desagregação
ao corte.
Saber fazer: Batem-se os ovos com o açúcar até formar uma
massa homogénea. Junta-se o azeite morno e volta a bater-se.
Junta-se a farinha com o sal e o fermento. Amassa-se de modo
a obter uma massa espessa, mas não muito dura, para se
poderem tender os bolos que têm a forma de um monte
(vulcão). Estes são cozidos em tabuleiros untados que vão a
forno de lenha, aproveitando-se por vezes a altura da cozedura
do pão.


Biscoitos de Escalhão

Bolos regionais, típicos de Escalhão. São feitos à base de farinha
de trigo grosseira (com farelo), ovos, açúcar, azeite fervido,
aguardente e sal. A sua forma é oval, devido ao espalmamento
do rolo que se forma ao tender. Têm cerca de 8 a 9 cm de
comprimento e pesam entre 40 a 50 g. Como bolos regionais,
que hoje têm maior divulgação devido ao turismo. Devem ser
consumidos antes de decorrido um mês após o seu fabrico,
para melhor se poderem apreciar as suas características
organolépticas.
Particularidade: produto rústico de pastelaria tradicional,
fabricado à base de farinha pouco peneirada. Tem forma oval e
cor amarelo-torrada na parte externa e amarelo-esbatida no
interior. A crosta é ligeiramente estaladiça e fissurada, de fácil
desagregação ao corte.
Saber fazer: Batem-se os ovos com o açúcar, a aguardente e o
sal até formar uma massa homogénea. Junta-se a farinha e,
finalmente, o azeite quente, tendo o cuidado de envolver bem. A
massa é tendida com as mãos, previamente untadas com azeite,
em forma de rolos espalmados, os quais são depois cozidos em
forno de lenha.


Biscoitos do Louriçal ou Rosquilhas de Azeite

Biscoitos em forma de oito, com peso e tamanho variável, feitos
com massa de pão com azeite. Os ingredientes são a farinha, o
azeite e fermento de padeiro. Têm cor clara, semelhante à do
pão cozido em forno fraco, e esfarelam-se facilmente ao
mastigar.
Sendo um produto de grande conservação, foi utilizado pelos
navegadores como substituto do pão fresco. A palavra «biscoi-
to» significa «cozido duas vezes», o que pressupõe um menor
teor de humidade e, portanto, um prazo de conservação superior.
Particularidade: Biscoitos feitos com massa de pão, que se
esfarelam facilmente ao serem mastigados. Esta característica
é-lhes conferida pela junção, à massa, de azeite com muito
pouca acidez.
Saber fazer: Peneira-se a farinha para o recipiente em que se vai
amassar, abre-se uma cova ao meio e nela coloca-se o azeite e o
fermento diluído em água. Amassa-se muito bem, como se fosse
para fazer pão, e deixa-se levedar meia hora. Divide-se a massa
em pequenas unidades que se rolam de modo a fazer um cacete
com cerca de um palmo de comprimento. Juntam-se as
extremidades e torcem-se para formar um oito, deixando a
costura na parte sobreposta e para baixo, ao arrumar a peça no
tabuleiro metálico onde vai a cozer em forno fraco.


Brisas do Liz

Bolos redondos e baixos, muito gelatinosos e brilhantes. A
origem das Brisas do Liz parece ter sido, no século XVII, no
Convento de Santa Ana que pertencia à ordem das Dominicanas
e que ficou a dever a sua fundação a D. Catarina de Castro, filha
do 2° Duque de Bragança. Apenas existe a tradição oral de
doceiras que receberam a informação de doceiras mais velhas. É
um dos símbolos da cidade de Leiria, cuja receita é feita de
segredo e de amêndoa. Parece que a receita das genuínas
desapareceu e por isso há quem diga que as que se encontram
não são iguais às velhas brisas do «Colonial».
Particularidade: Bolos cozidos em banho-maria e que apresen-
tam uma consistência muito semelhante aos pudins.
Saber fazer: Ao açúcar levado a ponto de pérola fraco, adicio-
nam-se os ovos e as gemas misturados com a amêndoa sem
pele, moída, e bate-se até se obter um preparado fofo e
homogéneo. Enchem-se formas, previamente untadas com
manteiga e passadas por açúcar, e colocam-se num tabuleiro
com água, onde vão cozer a forno moderado. Desenformadas
quando frias, comercializam-se em caixas de papel frisado, com
a base para cima.


Esquecidos da Guarda ou Bolo de Mel-de-Cana

Bolos regionais, típicos da zona Bolos feitos à base de farinha de
trigo, ovos, açúcar, sal e fermento de padeiro, ganham um
aspecto interior poroso e grosseiro. Têm cerca de 7 a 9 cm de
diâmetro e pesam entre 30 a 40 g.
Particularidade: bolos pequenos de forma circular, convexa,
bastante achatados, com uma crosta relativamente estaladiça e
de fácil desagregação ao corte. Apresentam interiormente uma
cor amarelo-esbatida.
Saber fazer: Misturam-se os ovos com o açúcar e batem-se
bem. Adiciona-se a farinha, o sal, o fermento e água suficiente
para amassar. Seguidamente deixa-se levedar e tendem-se bolas
que vão a cozer em forno de lenha. A temperatura do forno tem
influência no aspecto final do produto.


Pão-de-Ló (Região Centro)

Bolo de massa fofa (ligeiramente esponjosa), de tonalidade
amarela e odor a citrinos. A sua confeção tem por base os
produtos oriundos da pecuária local. Os ingredientes utilizados
são ovos, açúcar, farinha de trigo, sal e raspa de laranja ou limão.
Particularidade: os ovos devem ser, de preferência, caseiros.
Conforme o gosto, as claras poderão, ou não, ser separadas das
gemas e batidas em castelo. Se a farinha não for própria para
bolos deve acrescentar-se fermento em pó. Quando se acrescen-
ta raspa de laranja pode, também, acrescentar-se o sumo da
mesma. Para saber se está cozido, utiliza-se um palito, que ao
ser introduzido na massa deve sair seco.
Saber fazer: num alguidar juntar os ovos inteiros com o açúcar e
misturar muito bem, juntar a farinha e mexer bem, até fazer uma
mistura homogénea. No final junta-se a raspa de laranja ou
limão. Unta-se uma forma com manteiga, polvilha-se com
farinha e coloca-se dentro a massa. Vai ao forno, a cozer,
devendo este estar previamente aquecido.
Geografia: Concelho de Vagos e locais limítrofes.
Mais informação: Confraria Gastronómica As Sainhas de Vagos


Pão-de-Ló de Alfeizerão

Bolo preparado com ovos, açúcar, farinha, sal e aguardente
vínica que baste. O bolo é extremamente leve e frágil, sendo por
isso vendido apenas no local de fabrico. Apresenta-se no
comércio em caixas de cartão com o logótipo da fábrica.
Outrora, a fita que envolvia a embalagem levava um selo de
chumbo, garantindo a genuinidade do produto. Existem quatro
tipos de embalagem: grande, média, média pequena e pequena,
consoante o formato do bolo. A história deste bolo perde-se no
tempo. Contudo, crê-se que tenha tido origem no Mosteiro de
Santa Maria de Cós (Alcobaça) e que seja resultante de receitas
ancestrais de freiras, cujo culto culinário fez escola na região,
tendo a vila de Alfeizerão sido considerada a herdeira da receita.
Sabedor do segredo, o prior de então, Padre João Matos Vieira,
por uma questão de sobrevivência durante a Revolução de 1910,
iniciou, com a ajuda de familiares e amigos, a confeção e
comercialização deste produto. A estrada de ligação Lisboa-Por-
to passava, então, por Alfeizerão e os motoristas cedo adquiri-
ram o hábito de aí pararem para comprar o tão apreciado bolo.
Na gíria dos motoristas, o bolo também se chamava o «Pão-de-
-Ló do Preto», porquanto à porta da loja existiam dois bonecos
pintados de preto. Se o empregado não estivesse, o cliente
pegava no bolo embalado e selado e deixava o dinheiro no
balcão, numa demonstração de honestidade já rara nos nossos
tempos.
Particularidade: Bolo muito leve e fofo, redondo e côncavo ao
centro. Vendido apenas no local de fabrico.
Saber fazer: Batem-se os ovos com o açúcar, o sal e a aguarden-
te (a maior parte dos ovos não leva a clara). Bate-se durante
muito tempo, até a massa crescer consideravelmente, e a seguir
junta-se a farinha e continua-se a bater. Coloca-se a massa na
forma untada e leva-se ao forno a temperatura adequada (um
dos segredos de fabrico), colocando um papel pardo por cima da
forma, o que também favorece a cozedura do ló (creme). À
medida que vai crescendo, vai-se moldando com os dedos a
base para o ló (outro segredo de fabrico). O bolo deve ficar fofo e
húmido. Quando pronto, forra-se a caixa de embalagem com
papel vegetal, formando uma cruz. Coloca-se o bolo e puxam-se
as folhas de papel de forma a cobrirem o bolo.


Pastéis de Santa Clara

Pastéis em forma de meia-lua, recheados com doce de ovos a
que se adiciona, aquando da preparação, amêndoas peladas e
raladas. Tal como muitos outros doces tradicionais, estes
pastéis tiveram origem conventual, como, aliás, a maioria das
obras-primas da doçaria regional portuguesa. É o caso do
Convento de Santa Clara de Coimbra, que deu nome a alguns
dos mais célebres doces conventuais da Beira Litoral.
Particularidade: Semelhantes na forma e na massa exterior a
um «pastel de massa tenra», mas cozidos no forno em vez de
fritos e com recheio doce em vez de cozinhado de carne ou
peixe.
Saber fazer: Prepara-se a massa, juntando à farinha peneirada
manteiga e água fria (em muito pequena quantidade). Amassa-
-se bem, estende-se a massa à mão ou com o rolo, até atingir
uma espessura de 2 a 3 mm, e cortam-se discos, que se
recheiam com doce de ovos e amêndoa. Pincela-se à volta com
ovo batido e dobra-se ao meio, em formato de meia-lua. O
recheio é feito levando o açúcar ao lume, até fazer ponto.
Deixa-se arrefecer, juntam-se as amêndoas peladas e raladas e
as gemas de ovos e leva-se de novo a cozer. Antes de enfornar,
os pastéis são pincelados com ovo batido e polvilhados com
açúcar.


Pastéis de Vouzela

Pastéis rectangulares, com as pontas dobradas sobre si, feitos
de massa muito fina, recheados, cozidos no forno e polvilhados
com açúcar. Pode afirmar-se com segurança que este produto já
era confeccionado no início deste século por duas famílias
tradicionais da vila de Vouzela, que terão herdado o saber fazer
através dos tempos mantendo-o como segredo familiar. Alguns
defendem que esta receita é tão antiga como um convento cuja
memória se perdeu no tempo. Actualmente, o saber fazer
continua a passar de família para família, o que faz com que seja
um segredo bem guardado. No entanto, embora produzido com
fins comerciais, as doceiras contemporâneas garantem utilizar o
mesmo método artesanal que lhes foi ensinado pelas suas avós.
Em roteiros desta região são usuais menções como «os pastéis
de massa tão fina como cabelos de anjos… que gostaríamos
todos os anos de poder provar».
Particularidade: pastéis de delicada massa folhada, extrema-
mente fina, recheada com um creme de ovos.
Saber fazer: A receita continua secreta. São fabricados
actualmente por quatro famílias da vila de Vouzela segundo um
método completamente artesanal, a partir de uma fina massa
folhada, tendida e seca numa tela especial, onde reside o
segredo. São seguidamente recheados com ovos moles. Deste
processo resulta um pastel com várias camadas de massa fina
e estaladiça a envolver o recheio.


Pastéis de Tentúgal IGP

Doce de origem conventual, cuja massa de espessura reduzida
(0,06 – 0,15 mm) é obtida a partir da junção de água com farinha
e cujo recheio cremoso resulta da mistura de gema e de ovo
com uma calda de açúcar. Apresenta-se sob a forma de palito,
palito em miniatura, meia-lua e em meia-lua. O Pastel de
Tentúgal tem origem no Convento da Nossa Senhora da
Natividade pelas mãos das irmãs da Ordem Carmelita que ali
viveram entre 1565 e 1898. Desde os finais do século XVI
desenvolveu-se naquele convento um saber fazer que deu
origem a um doce singular e tal é confirmado por inúmeros
registos que se encontram em várias publicações. O método
de produção inclui as seguintes fases: produção da massa,
preparação do recheio, armar do pastel, cozedura e
arrefecimento.
Particularidade: A especificidade do Pastel de Tentúgal deriva,
em primeiro lugar, do método de produção utilizado na obtenção
de uma massa delicada e fina com uma espessura que varia
entre 0,06 e 0,15mm. Constituída apenas por água e farinha de
trigo, esta massa passa por diversas fases onde os rituais de
produção assumem uma forte presença até ser esticada pelas
mãos das doceiras para conseguirem a espessura desejada. Em
segundo lugar, do saber fazer utilizado no manuseamento desta
massa é fundamental no armar do pastel do qual resulta um
doce onde as finas folhas são colocadas de forma a impermea-
bilizarem o recheio. Em terceiro lugar, da sua massa tão fina,
quase transparente, que em conjunto com o doce de ovos
cremoso dá-lhe um aspecto exterior e interior, uma consistência,
um sabor e uma textura específicos que o tornam num doce
singular.
Geografia: a área geográfica de produção do Pastel de Tentúgal
é circunscrita à vila de Tentúgal e encontra-se delimitada a
nascente pela vila da Lamarosa (concelho de Coimbra), a norte
pela aldeia da Portela, a poente pela aldeia de Póvoa de Santa
Cristina (freguesia de Tentúgal) e pela vila das Meãs (concelho
de Montemor-o-Velho) e a sul pela vala real.
Mais informação: Associação dos Pasteleiros de Tentúgal


Pastéis de Torres Vedras

Os pastéis são constituídos por urna massa de farinha e água
suficiente para amassar, estendida muito fininha e recheada
com um doce feito de feijão, açúcar, ovos e amêndoa. São
embrulhados individualmente em papel celofane e colocados
em caixas de cartão, contendo 6 bolos. Também se vendem à
unidade nas pastelarias. Têm de diâmetro mais ou menos 7 cm.
Introduzidos em Torres Vedras no início do século, os Pastéis de
Feijão têm, contudo, uma origem conventual, como se pode ler
no livro A Alimentação na Idade Média: «Muitas das especialida-
des conventuais, com o decorrer do tempo, tornaram-se
património da região onde surgiam, e o encerramento de muitos
conventos aquando das perseguições anticlericais, apressou a
“passagem de testemunho” destas instituições a fabricantes
locais, laicas ou ex-religiosos e a institucionalização das nossas
especialidades regionais. As mais célebres, hoje património
culinário e cultural do nosso País são entre tantas outras…os
Pastéis de Feijão de Torres Vedras.»
Particularidade: bolos de massa friável, recheados com um
doce de feijão branco.
Saber Fazer: para forrar as formas faz-se uma massa muito
tenra que se estende muito fina. O feijão, geralmente branco e de
boa qualidade, é descascado antes de cozido. Após a cozedura,
prepara-se um puré de feijão. Só depois se pesa e rala a
amêndoa. Faz-se um xarope com o açúcar, até atingir o ponto
ideal. Junta-se o puré de feijão, deixando-o cozer no xarope de
açúcar, após o que se junta a amêndoa. Deixa-se arrefecer e,
quando frio, deitam-se as gemas, levando ao lume até cozerem.
Estende-se a massa muito fininha e forram-se as formas.
Deita-se o recheio frio e levam-se a cozer ao forno.


Queijadas de Tentúgal

Bolo típico muito representativo na alimentação local e importan-
te factor de atracção de visitantes à Vila de Tentúgal. É feito com
queijo fresco; farinha de trigo; gema de ovo; açúcar; gordura
vegetal; leite. Está disponível durante todo o ano, tradicionalmen-
te nas pastelarias da Vila de Tentúgal.
Saber Fazer: Massa: Farinha de trigo e manteiga e água.
Misturam-se estes ingredientes muito bem até ficar uma massa
consistente. Recheio: Junta-se o queijo, ovos e o açúcar e a
manteiga. Mistura-se muito bem todos estes ingredientes e no
final acrescentamos o leite. Enchem-se as formas em forma de
estrela, previamente forradas com a massa e vai ao forno a uma
temperatura de 230 oC.
Geografia: Vila de Tentúgal.
Mais informação: Associação dos Pasteleiros de Tentúgal


Sardinhas Doces de Trancoso

Doce feito à base de ovos, amêndoa ralada, azeite, chocolate,
açúcar, sal e canela. Têm um comprimento que varia entre 13 a
16 cm e um peso de 120 a 150 g. A cabeça e o rabo da sardinha
são envolvidos em chocolate. Trata-se de um doce de origem
conventual. É uma especialidade referenciada em guias
gastronómicos. Francisco Hipólito Raposo não se esquece de
lembrar às pessoas que a esta terra vão fazer uma visita, que
provem as Sardinhas de Trancoso.
Particularidade: doce frito, com forma de sardinha, onde são
bem visíveis a cabeça e o rabo, de cor escura (castanho de
cacau). Têm uma crosta de massa relativamente estaladiça e um
recheio interior de cor amarela de ovo, pastoso e de homogenei-
dade mediana. São muito doces.
Saber fazer: Amassa-Se a farinha com azeite e água para formar
uma massa de cobertura. Faz-se o recheio com o açúcar, os ovos
e a amêndoa. Envolve-se o recheio na massa, dá-se-lhe a forma
de sardinha, frita-se em óleo, passam-se as extremidades por
chocolate quente e depois por açúcar e canela.


Trouxas de Ovos das Caldas

As trouxas de ovos são preparadas com ovos e açúcar. Têm o
aspeto de rolos amarelos brilhantes, mergulhados numa calda de
açúcar. Medem cerca de 5 cm, têm um diâmetro de cerca de 3
cm e pesam 90 g. Para além de vendidas à unidade, apresentam-
-se em caixas de plástico, baixas e redondas, que contêm o
número de trouxas que o cliente deseja comprar. Não se sabe a
sua origem nem o seu nascimento exato, mas o escritor Eça de
Queiroz (1845/1900) escreveu, referindo-se a este doce tão
popular: «…com o meu cartucho de ovos, lá fui subindo, melanco-
licamente, ao lado do Dr. Margaride, a Rua Nova do Carmo…»
Particularidade: Rolos de ovos embebidos em calda de açúcar.
Saber fazer: Leva-se o açúcar ao lume num tacho com a água
necessária para o dissolver. Quando a calda começa a pegar aos
dedos, retira-se o tacho do lume. Numa frigideira pequena
coloca-se meia chávena de calda. Quando fervilhar introduz-se
uma colher de ovos, até formar uma capa. Volta-se com uma
espátula, deixa-se ferver e retira-se. Aparam-se as «capas» e
colocam-se as aparas no centro, enrolando a seguir. Regam-se as
trouxas com bastante calda deixando-as assim até serem
embaladas nas respetivas caixas.


Bolo das Alhadas

Pão doce, de formato redondo, feito com farinha, açúcar, ovos,
limão, manteiga, canela, fermento, água e sal em proporções que
são segredo. É um produto de oferta continua mas a produção é
limitada pois é totalmente artesanal, pode encontrar-se à venda
em padarias e nos mercados locais.
Particularidade: a receita do bolo das Alhadas provem das mãos
de umas sobrinhas da criadora deste bolo, que insiste na fórmula
iniciada há mais de meio século e cujo saber-fazer se tem
mantido em segredo. A receita tem passado apenas de pais para
filhos porque é essa a tradição.
Geografia: Alhadas freguesia do Concelho da Figueira da Foz.
Mais informação: Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas


Tortas de Nandufe

Bolo seco, comprido e torto que resulta de uma mistura de pão
com bolo (pão-de-ló). A estes bolos foi dado o nome de tortas
(devido à sua forma). Estas tortas começam a produzir-se,
inicialmente, nas Colmeeiras em Tondela mas com o passar dos
tempos as doceiras e padeiras das Colmeeiras acabaram por
desaparecer e, em Nandufe, então aldeia situada quase ao lado
das Colmeeiras, apareceram algumas produções de pão e tortas
com as mesmas caraterísticas.
Atualmente algumas padarias artesanais ainda mantêm esta
tradição aliada ao fabrico de broa de milho e pão de trigo e
mistura (centeio e trigo). As Tortas de Nandufe são muito
apreciadas e comercializadas, tendo, por isso, uma representati-
vidade significativa na alimentação local, no entanto, mais
associada às festas e romarias. Com cerca de 30 cm de
comprimento e 140 gramas de peso, as tortas têm a forma
aproximada de uma banana, daí o nome de tortas. As tradicio-
nais têm a cor castanha clara não uniforme, pois apresentam as
pintas características da cozedura em forno de lenha. O aroma é
inconfundível devido aos seus ingredientes e a um pequeno
segredo que permanece e passa de geração em geração em
algumas famílias. Também a sua textura é outra característica
importante, são macias e aveludadas de consistência muito
própria que as tornam únicas e inconfundíveis. A sua comerciali-
zação é, fundamentalmente, feita nas feiras da região, festas e
romarias. A venda é feita diretamente ao consumidor final.
Atualmente podem ser também encontradas no comércio
tradicional do concelho de Tondela. As Tortas de Nandufe
produzem-se durante todo o ano e estão disponíveis em
qualquer época.
Particularidade: a forma, o sabor, o aroma e a consistência são
características que as tornam únicas e tão apreciadas na nossa
região e no país. Muitas pessoas de outras regiões também
conhecem as Tortas de Nandufe e procuram-nas sempre que
visitam esta região.
Saber Fazer: os ingredientes base são a farinha de trigo, o sal,
os ovos, o açúcar, o fermento e a água. É de salientar que a este
produto não se aplica qualquer aditivo alimentar, nomeadamen-
te, melhorantes e conservantes. Para confeção juntam-se os
ingredientes e misturam-se, amassando com vigor (na maioria
das vezes manualmente) até obter uma mistura homogénea e
consistente. Depois de levedar, moldam-se e vão a cozer em
forno de lenha. As tortas são colocadas, uma a uma, no forno a
lenha com porta aberta. Cozem durante cerca de 7 a 8 minutos
e são retiradas para manterem a sua consistência caraterística.
Geografia: as tortas eram produzidas inicialmente (início e
meados do século XX) nas Colmeeiras, em Tondela (por quatro
padeiras artesanais), depois passaram a ser fabricadas em
duas padarias em Nandufe. Atualmente, mantém-se uma
padaria artesanal na localidade de Nandufe e a tradição da
outra passou para Canas de Santa Maria (Fontejão), onde uma
nova geração mantém viva esta tradição das Tortas de
Nandufe.
Mais informação: Confraria Gastronómica do Cabrito e da Serra
do Caramulo


Espigas Doces

A Espiga Doce foi uma invenção do Henrique Flórido de Monte-
mor-o-Velho e é um doce que foi criado para homenagear o Baixo
Mondego, surgiu nos anos 40 do século XX. Os ingredientes
utilizados são os ovos, a farinha de trigo, gordura vegetal, açúcar
e canela. Está disponível ao longo do ano embora pela dificuldade
de confecção nem sempre seja possível o seu fabrico de forma a
colmatar a grande procura que este doce tem.
Particularidade: doce identificativo do baixo Mondego e de
grande procura.
Geografia: Tentúgal
Mais informação: Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas


Cascoréis da Guarda

Bolos feitos à base de farinha de trigo, ovos, azeite, fermento de
padeiro, aguardente e sal. Têm cerca de 12 a 14 cm de diâmetro e
pesam entre 50 a 70 g. São consumidos como sobremesa e
gulodice, sobretudo em épocas festivas.
Particularidade: Bolos fritos, de forma circular côncava e
convexa, com abundantes bolhas ocas, de cor amarela e massa
estaladiça. São polvilhados com açúcar e canela.
Saber fazer: Numa tigela deita-se a farinha, faz-se uma cova no
meio, junta-se o fermento desfeito e a água tépida e amassam-se
os ingredientes até se obter uma massa homogénea que faça
bolhas. Adiciona-se a aguardente e mistura-se. Cobre-se com um
pano e deixa-se levedar em local aquecido, durante 1 a 2 h.
Molham-se os dedos em água e tendem-se bocados de massa
que se esticam para lhes dar a forma circular. Fritam-se em óleo
bem quente, até ficarem lourinhos de ambos os lados, escorrem-
-se e envolvem-se em açúcar e canela.


Coscoréis do Manigoto

Doce feito na região, tradicionalmente em ocasião de festas e
romarias, caracterizando-se pelo seu aspecto dourado e
estaladiço. Feitos à base de ovos muito frescos, farinha, azeite da
região, sal e fermento. Depois de tudo misturado e batido,
estende-se a massa que se coloca posteriormente a fritar em
óleo/azeite.
Particularidade: mantem-se em boas condições de consumo por
mais de um mês após a confeção.
Geografia: Concelho de Pinhel, nomeadamente na freguesia de
Manigoto
Fonte: Qualifica / OriGin Portugal


Cartuchos de Cernache do Bonjardim

Doce composto por “um cartucho” de massa bem fina e
estaladiça, obtida a partir da mistura de farinha, manteiga e ovos
e recheado com doce de amêndoa, confecionado com açúcar,
água, amêndoa e gemas de ovos. Podemos considera-lo um doce
conventual, muito embora se desconheça com rigor a sua
origem, já que na vila de Cernache do Bonjardim exista, além de
outros, o convento de S. José, que foi fundado por Frei Pedro de
São Paulo em 1699, para hospício dos frades dos Capuchos do
Convento de Santo António da Sertã. Por outro lado em 1805,
veio para a vila a Ordem Terceira das Cervas de Maria para
educação de raparigas. E nada nos diz que o doce não tivesse aí
a sua origem.
Particularidade: é um doce de grande especificidade, preparado
à base de doce de ovos envolvidos numa fina película de massa
cravejada de amêndoa britada.
Geografia: Concelho da Sertã, com principal incidência na área de
Cernache do Bonjardim.
Fonte: Qualifica / OriGin Portugal


Cavacas de Pinhel

Caracterizam-se pela cor branca proveniente da calda de açúcar
que as envolve e apresentam uma textura mais ou menos rija e
estaladiça. Podem ser encontradas em formato mais ou menos
redondo e tamanho grande ou pequeno. A sua receita contém
ovos, açúcar, farinha e azeite.
Particularidade: são um doce regional, com origem no Convento
de Santa Clara de Pinhel. Podem ser consumidas como
sobremesa ou acompanhar um chá.
Geografia: produção limitada ao Concelho de Pinhel
Fonte: Qualifica / OriGin Portugal


Ovos Moles de Aveiro IGP

Moldes de hóstia de diferentes formatos, geralmente de
elementos marinhos (amêijoas, peixes, conchas, búzios etc.),
recheados com creme de ovos. Também podem ser comerciali-
zados em barricas de madeira pintadas exteriormente com
barcos moliceiros e outros motivos da ria de Aveiro. É um doce
regional da pastelaria aveirense e cuja fórmula e método de
produção original se deve às freiras da Ordem das Carmelitas, no
século XIX.
Particularidade: doce de ovos, muito cremoso, de cor amarela
brilhante, obtido exclusivamente com açúcar em ponto e gemas
de ovos muito frescos. São guloseima, sobremesa ou lembrança
de quem viaja.
Saber fazer: As gemas de ovos, depois de retiradas as claras, são
misturadas, juntando-se-lhes metade do peso de açúcar em
ponto de estrada ou bola rija, já frio. Leva-se ao lume e mexe-se
sempre para o mesmo lado, sem fazer círculos para a pasta não
ficar estriada (aproximando e afastando a colher do operador). Os
moldes de hóstia são constituídos por duas metades que se
recheiam e se unem depois de humedecidos os bordos.
Geografia: Aveiro
Mais informação: APOMA, Associação de Produtores dos
Ovos Moles de Aveiro